Conheça um pouco mais da história do nosso sócio-fundador, Mário Bággio.
Qual é o seu papel na HWater?
Lidero um Time de Consultores de primeira grandeza e, à medida que o tempo passa, esses consultores vão sendo integrados à sociedade HWater que tive a honra de fundar. A arquitetura da HWater continua a ser de criar e internalizar no setor de saneamento brasileiro e latino-americano, MÉTODOS, palavra advinda do grego, que significa “caminho na direção das metas”. Tudo vale a pena quando metas são alcançadas, ou seja, quando os problemas são resolvidos. Só tem problema quem tem meta; quem não tem meta, não tem problema. A HWater foi cunhada com essa máxima trazida a mim pelo querido Professor Vicente Falconi, a quem rendo minha homenagem e gratidão, por ter possibilitado que a HWater fosse criada, sob a égide do modelo japonês de
gestão; e não temos nos afastado dele, pelo contrário, cada dia está mais e mais presente em nossos clientes. E por falar em clientes, nossa razão de existir, não poderia deixar de render nossa maior homenagem, pois a HWater foi cunhada para solucionar seus problemas; e isso é o que nos move e comove. Problema do cliente é nosso problema; discutimos que métodos aplicar e pronto, a solução sai a 4 mãos, de maneira cooperativa e colaborativa, gerando-se valor para todas as partes interessadas.
Qual é a sua formação e especialização?
Formado em engenharia civil pela Universidade Estadual de Londrina, pós-graduado em Engenharia Hidráulica pela Faculdade Politécnica da USP. Engenheiro amante da gestão; a primeira por formação. A segunda, por paixão pelo planejamento, organização, controle e liderança.
Porque você escolheu essa formação?
Desde criança brincava muito com água, fosse para fazer barragem de pedras e galhos (barragem de nível) no Ribeirão Claro para que pudesse nadar numa profundidade melhor, fosse para criar dutos de água em mamona (tubulações por gravidade), abastecendo várias latas de cera (reservatórios em série). Na tenra infância já me apareciam questões relativas aos desníveis para viabilizar
as pequenas vazões, abastecimento de múltiplos reservatórios, enfim, a hidráulica sendo introjetada em minha alma. Após 3 anos de científico, decidi prestar vestibular para exatas, em Engenharia Civil. Após formação intensa de construção civil, as barragens quase me levaram para o segmento de construção de barragens, notadamente as de terra que, recordando minha infância, muito me encantavam. Minha faculdade tinha um viés mais direcionado a construção civil, até que em 1976, por relacionamento familiar com o Sr Presidente da Sanepar, fui convidado para vaga de estagiário, na cidade de Londrina. E lá tomei conhecimento muito amplo e rápido com a hidráulica dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário; adorei desenvolver projetos de redes de água e esgoto, e novamente recordando de minha infância, os aquedutos me encantavam. Por fim, em 1977, formei-me em engenharia civil, com viés acadêmico de construção civil e de mercado, com o saneamento básico patrocinado pelo estágio na Sanepar. Na Sanepar, ainda estagiário, fui tangido a ser gerente muito cedo, num momento em que meu gerente se demitiu. Assumi uma função gerencial, sem nenhuma bagagem, pois sequer havia me formado; nascia aí uma paixão pela gestão, difícil de ser aprendida por um engenheiro clássico. Mas os fatos aconteceram e me tornei um engenheiro-gestor, ou seria em gestor-engenheiro; só posso dizer a todos que a resultante foi excelente, pois pude me tornar um profissional de duas importantes ciências. Não poderia ter escolhido nada que não coadunasse com meu destino, que conspirou para que me dedicasse à hidráulica, da mais tenra idade até os dias de hoje. E o tempo me fez escolher uma carreira paralela de gestor, proporcionado pela Sanepar.
Porque ama o saneamento?
Amo a água; adorava misturá-la com soda e alumínio para encher bexigas. E quando imergia num frasco d’água de porcelana um par de fio ligado à eletricidade, para aquecê-la. Da paixão pela água, à paixão pela engenharia, à paixão pela hidráulica aplicada à engenharia, amar o saneamento foi um curtíssimo passo. E a grande surpresa foi a política de gestão de pessoas da Sanepar que, tão logo me formei, me concedeu bolsa de estudos numa das 100 melhores Universidades do planeta, a Universidade de São Paulo. Portanto, durante 1 ano a Faculdade Politécnica me pôs em contato com a Engenharia Hidráulica, materializando minha vocação pelo saneamento ambiental que, associado com a saúde pública, garantem saúde aos povos, traduzido com completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Estava me tornando um médico, levado pela engenharia que proporcionava a tão necessária medicina preventiva. Que empowerment a engenharia estava me proporcionando. Amalgamei minha carreira de engenharia, e paralelamente uma carreira gerencial se configurava, passando de estagiário da Sanepar a Diretor de Operações, numa carreira meteórica. E algo estranho acontecia, na medida que minha ascensão na carreira me afastava um pouco da engenharia hidráulica; mas importante reforçar que o saneamento básico e ambiental ficava presente; mas ainda assim, parecia não haver propósito minha opção por outra perna do Y de nossas carreiras. Mas uma estrela me guiava, e pela via da carreira gerencial consegui chegar em postos de destaque da Sanepar, permitindo que Políticas Públicas fossem escritas por mim e uma equipe de abnegados engenheiros, administradores,
economistas, advogados, enfim, qualquer sanitarista que se importasse com questões tais como: universalização da água encanada e da coleta e tratamento de esgotos; melhoria da qualidade do produto agua e do produto esgoto sanitário tratado; redução de perdas e desperdícios; redução de custos para venda de ligações de água e de esgoto e aplicação de tarifas sociais para populações mais carentes e de tarifas industriais mais racionais, na forma de contratos de demanda. Decorre disso tudo minha paixão pelo saneamento básico, instrumento de saúde pública, proporcionando às pessoas o gozo da melhor saúde, e ao meio ambiente, a melhor sustentabilidade ambiental.
Por que você acredita que o saneamento possa mudar o Brasil?
Comecei minha carreira de engenheiro hidráulico, conhecendo a realidade brasileira do saneamento básico. Aprendi na Politécnica, que nos anos 1960, menos de 1/3 da população era atendida com água encanada e raros brasileiros contavam com serviços de esgotamento sanitário. A causa de tanto atraso, era o modelo de gestão dos DAE – Departamento de Água e Esgoto, organismos municipais de administração direta que, por falta da aplicação de corte, sucumbiram com imensas dívidas ativas. E vieram os anos 1970/80, com o advento do Planasa, e ao final desse período já contávamos com 80% da população com água encanada, sem evolução substantiva no esgotamento sanitário. A criação de 27 concessionarias estaduais, regidas por um ente regulador (BNH), foi a razão maior de tanto avanço no setor de saneamento básico; o lado negativo, foi o total menosprezo às autarquias municipais, à época, completamente isoladas. Nos anos 1990, quando da extinção do BNH, as coisas ficaram completamente desorientadas, gênesis de uma realidade vigente, em que muitas concessionárias estaduais estão em sérias dificuldades. Advém dessa realidade, novo Marco Legal, trazendo modelos de gestão alternativos, com foco em resultados, com maior participação da iniciativa privada, nas mais variadas modalidades. Mudanças importantes têm acontecido nas licitações de concessão, diferentemente de passado recente, quando importantes capitais foram dadas em concessão, acabando com a escala das concessionarias que perdiam a concessão das capitais. Hoje, a unidade de planejamento e controle são os Estados, já que o Brasil criou um modelo de gestão estadual sem precedentes, tido como referencial internacional; lamentavelmente, nem sempre contamos com fontes de financiamento para todos os players, sejam públicos ou privados. Nostalgia do modelo BNH que, além de regulador, financiava o saneamento nacional. Pouco mais de 2% é a participação do saneamento básico no PIB nacional; a título de ilustração, esses 2%, consubstanciados na medicina preventiva e no saneamento ambiental, garantem à população brasileira a tão necessária qualidade de vida, e sustentabilidade ambiental.
Sendo assim, a partir de modelos de gestão – que tenho estudado e aplicado na minha carreira – evoluindo na linha do tempo, até de maneira cíclica (ora público, ora privado, ora misto), o saneamento vai mudando e pode mudar ainda mais ao Brasil, levando saúde aos lares brasileiros e preservação ao meio ambiente, aos nossos esgotados recursos naturais. Participar de uma
missão de prover o “alimento água potável” aos lares brasileiros e “esgoto sanitário tratado” aos corpos receptores brasileiros, é tarefa divina, tamanho o empoderamento que um sanitarista tem.
Quais são seus livros favoritos e citação favorita?
Uma citação que me acompanha, desde a fundação da HWater: “Sem saber que era impossível, fomos lá e fizemos” (autor anônimo). Inicialmente, não poderia de deixar de falar da coletânea ( 7 livros) de autoria de Vicente Falconi Campos, começando pelo TQC ao Estilo Japonês.
Em momentos de esquerda, direita, e centro, leitura obrigatória descobri, lendo a obra de uma Siciliana, Mariana Mazzucato, que derruba essa moda de privado x público: “O Estado Empreendedor”.
Por fim, algo inspirador e intrigante, Yoval Harari, que escreveu “Sapiens, uma breve história da humanidade”.